Pippin
Resenha por Helena Galante
Afeitos às superproduções, Charles Möeller e Claudio Botelho fazem de Pippin, de Roger O. Hirson e Stephen Schwartz, um musical grandioso justamente por seu apelo mais intimista. A configuração do Teatro Faap coloca a plateia mais pertinho do tablado comandado pela mestra de cerimônias Totia Meireles, e isso ajuda a construir um ar de proximidade. Mas é a fábula do filho do rei Carlos Magno a responsável pela identificação e por aquela sensação de que “poderia ser eu ali no palco”. Pippin, interpretado com doses precisas de fragilidade e impetuosidade por João Felipe Saldanha (foto), termina seus estudos e volta para casa incerto de qual papel deve assumir. Em busca do extraordinário na sua vida, tenta se dedicar à guerra, achar saciedade nos prazeres carnais, assumir o trono do pai… Tudo em vão. Em um dos momentos mais contagiantes, é a avó Berthe (a atriz Mira Haar) quem aconselha o rapaz: “Vai, que a vida é só uma. Vai se bagunçar, depois a gente te arruma”. Sem pudor de se confundir com um grande karaokê, a montagem coloca até os versos da música projetados num telão. Afinal, por que desperdiçar a vida sem o deleite de compartilhar uma crise existencial musicada? (120min). 12 anos. Estreou em 19/7/2019. Teatro Faap. Rua Alagoas, 903, Higienópolis. Sexta, 21h; sábado, 17h e 21h; domingo, 15h e 19h. R$ 75,00 a R$ 120,00. Até o dia 18.