PI – Panorâmica Insana
- Direção: Bia Lessa
- Duração: 75 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
No ano passado, a diretora Bia Lessa levou ao palco uma monumental adaptação do romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. É natural, mesmo para uma artista consagrada, que seu trabalho seguinte venha cercado de expectativas e exigências. O drama P. I. — Panorâmica Insana, concebido com base em textos de Jô Bilac, Julia Spadaccini e André Sant’Anna, além de citações de Franz Kafka e Paul Auster, é uma eficiente colagem de cenas que espelham o caos, a intolerância e o clima depressivo que devasta a sociedade. Para tanto, Bia se cercou de atores capazes de reverter fragilidades dramatúrgicas. E, assim, Claudia Abreu, Leandra Leal, Luiz Henrique Nogueira e Rodrigo Pandolfo sustentam o interesse do público e alcançam interpretações eficientes ou marcantes, no caso de Pandolfo e, principalmente, de Leandra. Milhares de roupas se espalham pelo chão e, na abertura, o quarteto oferece um rodízio de personagens em um jogo frenético com ares de improviso. Destaque do elenco, uma madura Leandra arrebata desde os primeiros minutos, com a história tragicômica de uma mulher que se alimenta das próprias fezes. Claudia, sem dizer uma palavra e muito expressiva, valoriza a personagem que tenta encontrar um parceiro no baile, enquanto Nogueira tem o melhor rendimento na pele do melancólico velho que acompanha o mundo pela janela. Pandolfo tira proveito do trabalho corporal ao longo da montagem, mas vive o auge na reta final. Como o gaúcho decepcionado com o futebol e doutrinado pela religião, o ator transita entre o cômico e o absurdo em um tipo de registro que poderia ter sido mais explorado nesse conjunto de cenas insanas e, logo, nonsense (75min). 16 anos. Estreou em 1º/6/2018. Até 29/7/2018.