Pagliacci – Cia. La Mínima
- Direção: Chico Pelúcio
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Primeiro espetáculo da Cia. La Mínima sem o ator Domingos Montagner (1962-2016), a comédia Pagliacci poderia ser triste, muito triste, mas se transforma em uma reinvenção da vida em nome do teatro. Montagner, que morreu afogado em setembro, na reta final da novela Velho Chico, participou da idealização do projeto e tem sua imagem de palhaço cravada no cenário. O texto, escrito por Luis Alberto de Abreu e inspirado na ópera homônima de Ruggero Leoncavallo, permanece o tempo inteiro no limite entre o riso e a melancolia em uma honrosa homenagem ao circo-teatro. O gênero, pouco valorizado, encontra-se aqui representado por uma dramaturgia cuidadosa, com personagens de perfil bastante definido e situações de fácil compreensão para a plateia. Tudo gira em torno de uma companhia de teatro. Chefe da trupe, Canio (papel de Alexandre Roit) comanda o grupo com mãos de ferro e dá pouca atenção a sua mulher, Nedda (Keila Bueno), que, carente, fica balançada diante do colega de elenco Silvio (Fernando Sampaio). Enquanto isso, o dissimulado Tonio (Filipe Bregantim) namora a sedutora Strompa (Carla Candiotto), e Peppe (Fernando Paz) é o palhaço aposentado que, agora, se testa como dramaturgo. Todos eles recorrem a máscaras e artifícios para se manter vivos em nome da arte e dos seus objetivos. A inspirada direção de Chico Pelúcio, do Grupo Galpão, preserva o caráter lúdico sem estereotipar os personagens e cria um espetáculo de amplo diálogo, longe da pieguice ou do riso fácil. Estreou em 30/3/2017. Até 2/7/2017.