Os Miseráveis
- Direção: Ladj Ly
- Duração: 102 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: França
- Ano: 2019
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Montfermeil, subúrbio de Paris, é onde Victor Hugo (1802-1885) escreveu sua obra-prima, Os Miseráveis, também nome do longa-metragem de estreia do diretor Ladj Ly, nascido no Mali, e finalista pela França ao Oscar de melhor filme internacional. A informação sobre Victor Hugo é dada por Chris (Alexis Manenti) ao novato Pento (Damien Bonnard) diante do colega de ambos, Gwada (Djibril Zonga), dentro de uma viatura policial que faz a ronda diurna em Montfermeil. O realizador havia feito um curta-metragem homônimo, em 2017, com a mesma premissa (leia mais na pág. 27). Aqui, ele tem mais tempo para mostrar o caldeirão de culturas e problemas sociais em registro de intensidade pulsante — não à toa, levou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, dividido com o brasileiro Bacurau. Nessa comunidade que abriga muçulmanos, imigrantes africanos, crianças sem lazer, traficantes e ciganos com sede de vingança, os três policiais vão se envolver numa enrascada após uma bala de borracha atingir o rosto de um garoto e a cena ser gravada pela câmera de um drone (aliás, uma das ótimas sacadas do cineasta). Ladj Ly enfoca do abuso policial à maldade infantil e, num crescendo de violência, como um barril de pólvora prestes a explodir, lança um olhar sem julgamentos aos personagens, todos eles com suas contradições humanas. Direção: Ladj Ly (Les Misérables, França, 2019, 102min). 14 anos. Estreou em 16/1/2020.