O Paraíso Deve Ser Aqui

Resenha por Miguel Barbieri Jr.

O diretor Elia Suleiman é sempre Elia Suleiman em seus trabalhos, todos com perfis parecidos e na linha “embarque ou deixe-o”. Representante da Palestina no Oscar 2020 (e já eliminado), O Paraíso Deve Ser Aqui traz Suleiman como um observador do mundo. Ele fala raramente, mas tem olhos bem abertos para o que se passa à sua volta. Em Nazaré, sua cidade natal, em Israel, convive com um vizinho que cuida de seu limoeiro e repara nos atritos entre as pessoas. Em sua primeira escala, em Paris, terá um encontro numa produtora de filmes. Vê, espantado, a capital francesa vazia (num feito inimaginável), tomada por tanques de guerra nas ruas. Já em Nova York, dá palestras a estudantes fantasiados de animais e participa de uma reunião pró-Palestina. O humor do realizador e a persona que ele compõe lembram o cinema de Jacques Tati e seu Monsieur Hulot. Em meio ao surrealismo e à bizarrice das situações, despontam críticas ao futuro da humanidade. Suleiman é um pensador contemporâneo e traduz suas opiniões em imagens impactantes. Direção: Elia Suleiman (It Must Be Heaven, Palestina, França e mais quatro países, 2019, 97min). Livre.Estreou em 18/12/2019.

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