O Misantropo

Resenha por Dirceu Alves Jr.

Jean-Baptiste Poquelin, o dramaturgo francês Molière (1622-1673), cravou seu nome na história do teatro por conta das refinadas comédias de costumes que ironizavam a cartilha rezada pela burguesia. Em pleno século XXI, o diretor Marcio Aurelio, conhecido por montagens densas, recupera um Molière inédito no Brasil que reflete a nossa realidade por trás de um bom divertimento. Escrito em 1666, O Misantropo surpreende pela capacidade de dialogar com uma sociedade intolerante e preocupada em como vai ser vista e comentada nas redes sociais. É noite de festa na cobertura da ricaça Celimene (interpretada por Paula Burlamaqui), logo vem por aí muita bajulação e gentilezas em troca de favores. Namorado da anfitriã, Alceste (papel de Washington Luiz Gonzales) destoa do cinismo reinante e impõe suas opiniões a quem suportar ouvir. Com rigor e estilo, Marcio Aurelio comanda os sete atores tal qual notas de uma partitura musical. Eles entram e saem de cena, como se transitassem pelos cômodos da casa, com leveza e precisão. Em participações pontuais e marcantes, os atores Paulo Marcello (que é substituído por João Carlos Andreazza) e Regina França são destaques. Alexandre Bacci, Eduardo Reyes e Renata Maia completam o elenco. Estreou em 21/10/2016. Até 19/2/2017.

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