O Jovem Ahmed

Resenha por Miguel Barbieri Jr.

Jean-Pierre e Luc Dardenne levaram o prêmio de direção no Festival de Cannes, em 2019, por O Jovem Ahmed. Realizadores de filmes contundentes como O Filho (2002), A Criança (2005) e Dois Dias, Uma Noite (2014), os irmãos belgas recorrem a temas atuais para expor as feridas da sociedade. No novo trabalho, a preocupação, justificável, é com o crescimento de radicais islâmicos na Europa. Com uma visão unilateral, eles abordam o complexo assunto na radiografia de Ahmed, papel de Idir Ben Addi. Polêmico, o fogo no parquinho é jogado na composição do protagonista, um adolescente belga de origem árabe que segue à risca as ordens do imã da mesquita. Sem ao menos tocar na mão de sua professora, o garoto destrata a mãe e a irmã por não usarem o hijab para cobrir os cabelos. Cada vez mais imerso no extremismo muçulmano, Ahmed comete um crime e, por isso, é levado para um reformatório juvenil. Sintéticos na trama, os Dardenne não usam meio-termo para atirar a plateia num conflito que provoca revolta e repulsa, suavizado, talvez, na derradeira cena. Direção: Jean-Pierre e Luc Dardenne (Le Jeune Ahmed, Bélgica/França, 2019, 90min). 12 anos. Estreou em 20/2/2020.

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