O Importado
- Direção: Fernando Badharó e Odilon Esteves
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
O ator Odilon Esteves entra no palco e explica as razões que o levaram a montar o solo O Importado, baseado no conto O Importado Vermelho de Noé, escrito por André Sant’Anna no fim dos anos 90. Entre elas estão mensagens agressivas recebidas em grupos coletivos de redes sociais durante as últimas eleições. O teatro, enfim, se inicia com a história de um homem branco e bem-sucedido, preso no trânsito, apesar de sentado ao volante de um potente carro estrangeiro. O sujeito destila preconceitos e idealiza a viagem que fará a Nova York, onde, dizem, chove dinheiro. Bom ator, Esteves tem o domínio do personagem, mas esqueceu de reavaliar as palavras da obra que o inspirou. O texto é carregado de referências datadas, como alusões ao ex-prefeito Celso Pitta e a ícones de beleza da época, como a atriz Julia Roberts. Na intenção de tratar de racismo, conflitos de classes e machismo, Esteves traz à tona um tipo que, apesar da essência semelhante, não se enquadra no perfil do emergente, viciado em redes sociais e apaixonado pelos Estados Unidos, de 2018 ou 2019. O artista teve boas intenções, mas levou à cena um manifesto deslocado de seu tempo. Direção de Fernando Badharó e Odilon Esteves (80min). 14 anos. Estreou em 23/5/2019. Até 15/6/2019.
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