O Formidável
- Direção: Michel Hazanavicius
- Duração: 107 minutos
- Recomendação: 12 anos
- País: Itália/França
- Ano: 2017
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
A atriz Anne Wiazemsky, que morreu dia 5 de outubro aos 70 anos, escreveu uma autobiografia chamada Un An Après (um ano depois) narrando seu casamento com o diretor Jean-Luc Godard. Do livro nasceu O Formidável, fabuloso trabalho do francês Michel Hazanavicius, diretor premiado com o Oscar por O Artista (2011). Recebido friamente no Festival de Cannes, o filme tem, entre seus trunfos, não se prolongar na vida de Godard (hoje com 86 anos) e fazer apenas um recorte nos anos de 1967 e 1968. O roteiro enfoca o período de crise do cineasta, que marcou a nouvelle vague com Acossado (1960) e O Desprezo (1963). Socialista, ele lançou, em 1967, A Chinesa, criticado até pelos próprios chineses — a então novata Anne (papel de Stacy Martin) era a protagonista. A partir daí, Godard recusou-se a fazer um cinema, digamos, convencional (o que, convenhamos, ainda persiste). Já em maio de 1968, um Godard cheio de ideias e ideais saiu às ruas para protestar com os estudantes. Hazanavicius traduz muito bem (ao menos à sua maneira) um Godard inquieto, revoltado, intelectual e até inconsistente. Para interpretar o mestre foi escolhido um galã: Louis Garrel, excepcional, dá conta do recado com um jeito meio atrapalhado, falastrão e de raríssimos sorrisos. É o corpo e a alma de um filme notável sobre os bastidores do cinema. Estreou em 26/10/2017.