O Eterno Retorno
- Direção: Sérgio Ferrara
- Duração: 50 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
O personagem central de O Eterno Retorno, drama de Samir Yazbek, é um ator confuso, frustrado, perdido ao se dar conta de que sua carreira, três décadas depois, é diferente da que sonhou. Trata-se de um artista, mas podia ser um jornalista, um professor e até um médico soterrado pelas mudanças do mercado, das pessoas e dos avanços tecnológicos. Esse ator (interpretado por Luciano Gatti), então, considera-se sem identidade e, por desespero ou vaidade, entra em conflito com todos que o cercam. O produtor (papel de Gustavo Haddad) levantou o patrocínio para a turnê de uma peça que nada mais lhe acrescenta, enquanto a namorada (vivida por Helô Cintra Castilho), acadêmica engajada, quer mostrar que as desigualdades vão além da ficção. O seu primeiro diretor (papel de Carlos Palma), a grande referência, vai e volta na sua imaginação com provocações em torno da arte. Tudo tende a ser embaralhado, no entanto, diante da lembrança de sua mãe (a atriz Patricia Gasppar), que lhe jogava na cara o fracasso. O diretor Sérgio Ferrara emoldurou muito bem a ousada proposta dramatúrgica de Yazbek. Está muito clara a divisão dos três planos (o real, a memória e a imaginação), e as performances de Palma e Patricia são fundamentais nessa divisão de tempo e espaço. O texto de Yazbek, porém, apresenta-se muito formal, quase estruturado como literatura, e essa rigidez atinge, principalmente, o trabalho de Luciano Gatti. O intérprete se revela engessado, sem aprofundar os níveis de frustração do personagem e, por vezes, deixando-o no terreno fútil e de um idealismo vencido (60min). 14 anos. Estreou em 9/11/2018. Até 2/12/2018.