Auto da Compadecida
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Auto da Compadecida, célebre peça do escritor paraibano Ariano Suassuna, já ganhou diversas montagens e uma minissérie transformada em filme de grande sucesso, estrelado por Matheus Nachtergaele e Selton Mello. Mas eis que surge o diretor mineiro Gabriel Villela e dá uma roupagem extremamente barroca (sua marca autoral) e toques contemporâneos ao texto, de 1955. O resultado fica mais saboroso e os diálogos alcançam fluência narrativa mesmo quando interrompidos por canções de Caetano Veloso (Alegria, Alegria), Maria Bethânia (Carcará), Sergio Sampaio (Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua) e Zeca Baleiro (Heavy Metal do Senhor). A trama continua atual ao abordar a corrupção na Igreja e o “jeitinho” brasileiro de se dar bem. Amigos inseparáveis, João Grilo (Leonardo Rocha) e Chicó (Hugo da Silva), empregados em uma padaria, encontram uma maneira pouco nobre de arranjar dinheiro à custa da morte de um cachorro. Primeiro trabalho de Villela com o Grupo Maria Cutia, nascido em Belo Horizonte em 2006, o espetáculo se aproveita do atual governo federal para fazer a plateia rir, com citações de “Jesus na goiabeira” e “ele não”. As piadinhas extras conferem uma força política e deixariam Suassuna (1927-2014) contente (90min). 12 anos. Estreou em 8/8/2019. Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93, Pompeia. Quinta a sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 40,00. Até 1o de setembro. Sob a direção de Gabriel Villela, o mineiro Grupo Maria Cutia traz para o texto de ariano Suassuna, que narra as aventuras de João Grilo e Chicó, referências do Brasil atual e doses de sarcasmo (80min). 12 anos. Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93, Pompeia. Quinta a sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 40,00. Até 1º de setembro. A partir de quinta (8).