Mulheres Radicais

Resenha por Tatiane de Assis

Com maestria, as curadoras Cecilia Fajardo-Hill e Andrea Giunta, em colaboração com Valeria Piccoli, manejam as emoções dos visitantes em Mulheres Radicais. O núcleo de entrada tem um tom eletrizante com o poema musicado Me Gritaron Negra (1978), de Victoria Santa Cruz (1922-2014). A voz firme da coreógrafa peruana e os sons fortes de palmas dão força aos versos, que narram como ela deixou de menosprezar sua negritude para enaltecê-la. O clima continua visceral com a obra ao lado do vídeo, na qual a também peruana Teresa Burga traduz seus batimentos cardíacos com luzes coloridas ritmadas. Conforme se caminha pelo espaço expositivo, outros sentimentos surgem, como a tristeza e a indignação diante da tortura, vista em Y con unos Lazos, Me Izaron (1977), de Sonia Gutiérrez. Uma constante, no entanto, é a pluralidade de representações da mulher, um dos grandes trunfos da mostra. No núcleo Feminismos, isso fica mais evidente com o registro de afazeres domésticos da série Cuadernos de Tareas (1978-1981), da mexicana Ana Victoria Jiménez, junto aos recortes de jornais de A Corda (1967), da carioca Neide Sá, nos quais a tônica é o ativismo contemporâneo. As fotos de Para um Corpo nas Suas Impossibilidades (à esq.; 1945), de Martha Araújo, também tocam, a seu modo, na complexidade de ser mulher. Com um macacão de velcro, em um fundo aderente, a artista se gruda e desgruda para falar da relação entre liberdade e opressão. Até segunda (19).

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