Modos de Ver o Brasil 30
Resenha por Julia Flamingo
Uma característica marcante do cenário artístico no Brasil é o fomento e a difusão das artes pelas mãos de grandes empresas. É o caso do Itaú Cultural, fundado em 1987 pelo empresário Olavo Egydio Setubal (1923-2008), que tem hoje um acervo poderoso de 15 000 obras. Para celebrar seus trinta anos de existência, a organização preparou a megaexposição Modos de Ver o Brasil. Ela preenche os quatro andares da Oca — o espaço comedido da sede do Itaú Cultural, na Avenida Paulista, não deu conta do recado. Gratuita, a exibição assemelha-se aos livros ilustrados de história da arte que comprimem séculos de produção em algumas páginas. A diferença é que, no prédio assinado por Niemeyer, o público faz um passeio visual por 750 obras originais da arte brasileira. Com peças que datam do século XVII aos dias atuais, a mostra, que tem a curadoria de paulo Herkenhoff, não está dividida cronologicamente, o que pode causar confusão ao visitante. A ideia é fazer um livre percurso pelos infindáveis núcleos (que carregam títulos como urbanismo, escravidão e modernismo) e deixar-se surpreender por criações de peso. Ganham destaque instalações como Fronteira, Fonte, Foz, de Carmela Gross. Composto de areia preta e branca, o trabalho imita um tapete de zebra. Maria Martins, Tunga, Ernesto Neto, Ascânio MMM e Adriana Varejão também assinam esculturas de tirar o fôlego. Até 13/8/2017.