O ator Luciano Chirolli já foi guiado por expressivos diretores pelas obras de grandes dramaturgos. Teve, no entanto paciência e humildade, para só agora, embasado pela segurança de três décadas de carreira, protagonizar o primeiro monólogo. Para tal desafio, o artista mineiro radicado em São Paulo escolheu um personagem não menos simbólico e trava, na ficção, um embate em torno do poder e da solidão. Publicado na França em 1951, o romance homônimo da escritora belga Marguerite Yourcenar surge como matéria-prima e, na adaptação de Thereza Falcão, Chirolli dá voz ao imperador romano Adriano em uma espécie de autobiografia imaginária. O sexagenário personagem escreve uma carta ao sucessor Marco Aurélio, com o objetivo de prepará-lo para ser um governante longe do estereótipo dos déspotas e, se possível, para que reconheça o amor como algo mais valioso que o trono. A diretora Inez Viana deixa Chirolli livre de amaras cronológicas em uma encenação atemporal, seja nos figurinos, cenário ou trilha sonora, executada por Marcello H. Logo, o discurso chega ao espectador como um desabafo embalado na intimidade. O enfoque homossexual – centrado na paixão de Adriano pelo jovem Antínoo – ganha forte ressonância na plateia e, nessa humanização, a montagem chega ao ápice. Estreou em 22/1/2016. Até 15/6/2016.