Mauro Restiffe – Álbum
Resenha por Julia Flamingo
Desde o início de sua carreira, no fim dos anos 80, Mauro Restiffe nunca largou a câmera analógica. Cliques em preto e branco também sempre foram sua preferência. Na série Álbum, que intitula sua mais recente individual, em exibição na Estação pinacoteca, o artista paulista faz um resgate do processo tradicional de imagem. “o analógico e o preto e branco me ajudam a falar sobre a passagem do tempo”, diz Restiffe. “A relação entre fotografia e história fica ainda mais latente”, completa. Um dos conjuntos reúne cliques dos seus irmãos, pais, esposa e filhos, feitos por ele entre 1995 e 2017. Presos a uma parede em duas longas fileiras horizontais, trabalhos como Tempestade montam uma narrativa pessoal hipnotizante. O acervo contempla 140 obras que foram selecionadas em parceria com o curador Rodrigo Moura. “Pesquisamos todo o arquivo de Restiffe para criar uma retrospectiva de peças nunca vistas pelo público”, explica. Assim, a mostra constrói um panorama inédito — e impressionante — da produção do artista. A dupla também selecionou 25 pinturas do acervo da pinacoteca e do Masp para integrar a exposição. Telas de pintores como pancetti e Guignard, por exemplo, são apropriadas para complementar as paisagens clicadas por Restiffe em locais distantes, como Estados Unidos, Cuba e Rússia. “Os quadros ajudam a pensar sobre o processo de construção das imagens”, acredita o fotógrafo. Até 6/11/2017.