Mãos Limpas
- Direção: Leo Stefanini
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Como dramaturgo, Juca de Oliveira é craque em comédias inspiradas nos bastidores da política. Caixa Dois e Às Favas com os Escrúpulos são exemplos de como o autor faz gargalhar com base em elementos da nossa desgraça de cada dia. Desta vez, em Mãos Limpas, dois traficantes (interpretados por Juca e Taumaturgo Ferreira) escapam de uma batida policial e se escondem em um apartamento vazio. O imóvel acaba de ser comprado pelo senador Diocleciano (papel de Fulvio Stefanini), representante da esquerda e com ambições de chegar à Presidência, como presente para sua assessora e amante (a atriz Bruna Miglioranza). Os dois aparecem por lá, assim como o advogado dele (o ator Nilton Bicudo), e são flagrados em conversas sobre falcatruas pelos invasores. A chegada da mulher do político (Claudia Mello), que descobre a traição conjugal, completa a confusão. Os diálogos rápidos podem até causar risadas instantâneas de uma plateia disposta a se divertir com a falência moral. O texto, no entanto, se digerido, soa um tanto pesado. São muitas referências explícitas a situações ainda presentes da vida nacional em uma fase em que o país atravessa uma onda pessimista. Faltou a Juca doses de ironia e sutileza, algo que era comum em sua obra. Bicudo, Claudia e Bruna são destaques. Direção de Léo Stefanini (80min). 14 anos. Estreou em 5/10/2019.