Mágico di Ó – O Clássico em Cordel
Resenha por Alice Padilha
O roteiro você já conhece: no clássico O Mágico de Oz, do norte-americano L. Frank Baum, Dorothy e seu cachorro Totó são carregados por um ciclone (com casa e tudo) para uma terra mágica, onde fazem amizade com um espantalho, um homem de lata e um leão. Todos falantes, claro. Na adaptação Mágico di Ó, a trama vira uma história de cordel. Dorothy se torna Maria Doroteia – que ganha uma interpretação cheia de doçura e garra pelas mãos da ótima Luiza Porto – e o cachorro Totó é uma rabeca. Na trama, a garota é uma retirante que, em companhia de sua família, se encaminha para o sudeste a bordo de um caminhão. Ela segue um tanto amuada, sem nenhuma vontade de se despedir de sua terra natal. Até que eles encontram Osvaldo (Vitor Rocha), um vendedor de folhetos de cordel que pede para acompanhá-los na viagem. Com suas histórias e um texto graciosamente poético (também de Rocha), ele transforma a caminhada em uma brincadeira divertida, em que Doroteia e seus companheiros são transportados para a Cidade das Esmeraldas. As piadas bem colocadas e a simpatia do elenco arrancam gargalhadas da plateia. E a trilha sonora original, composta de músicas típicas nordestinas, funciona muito bem ao lado de clássicos adaptados como Somewhere Over the Rainbow, tocada na sanfona. A faixa tema, Tem que Ser Tão é uma homenagem bem cabida ao povo retirante, com um momento icônico em que Doroteia exclama: “Eu vou contar uma história que eu não sei se interessa // Mas essa é minha história, e eu vou contar mesmo assim”. É uma produção de cenários e figurinos simples – mas que comprova que o poder de uma boa história, contada de forma original, é insuperável. Direção de Ivan Parente e Daniela Stirbulov (70 min). Livre. Sesc Consolação. Rua Doutor Vila Nova, 245, Consolação, 3234-3000. Sábado, 11h. R$ 20,00. Até 14 de dezembro.