Love, Love, Love
- Direção: Eric Lenate
- Duração: 130 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
O calendário teatral de 2018 mal deu a largada e já é possível afirmar que o espetáculo Love, Love, Love terá presença garantida entre os melhores da temporada. Escrito pelo inglês Mike Bartlett, o drama, dirigido por Eric Lenate, mostra uma família desafiada pelas transformações políticas e comportamentais estabelecidas durante mais de quatro décadas. Em 1967, Sandra (interpretada por Débora Falabella) visita o apartamento do namorado, o certinho Henry (papel do expressivo Mateus Monteiro). Seu interesse, porém, recai sobre o irmão dele, Kenneth (o ator Alexandre Cioletti), um jovem curioso diante da efervescência da época. O tempo salta para 1990, e o casamento de Sandra e Kenneth (agora vividos por Yara de Novaes e Augusto Madeira) ameaça desabar. Além das suspeitas de infidelidade, os dois, típicos representantes da classe média, não conseguem dialogar com os filhos, Rose (Débora) e Jamie (Cioletti). Nos dias atuais, a solitária Rose, perto dos 40 anos, tornou-se uma musicista frustrada e, disposta a acertar as contas com os pais, convoca uma reunião. A consistente dramaturgia e a direção atenta de Lenate esfacelam os clichês característicos das abordagens geracionais. O público se vê diante de personagens em conflito e identificáveis, que abrem espaço a uma oportuna revisão histórica e cultural. O diretor concentra o foco nos intérpretes e surpreende no resultado extraído de cada um. Débora se supera nas distintas composições da jovem Sandra e de Rose na adolescência e na fase adulta. No limite dos estereótipos, Alexandre Cioletti escapa ileso, assim como Madeira, muito bem como Kenneth. O grande destaque, no entanto, é Yara de Novaes, capaz de transmitir diferentes sentimentos como Sandra e, apoiada em sutilezas, divertir e incomodar o público em um desempenho marcante (130min). 14 anos. Estreou em 23/3/2018.