Lili Marlene, Um Musical
- Direção: Fause Haten
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Se virou moda manequins brasileiros, a certa quilometragem da passarela, investirem na carreira de ator, costureiros, como Clodovil Hernandes (1937-2009), que tiveram ideia semelhante não deram sorte. Logo, soa natural encarar com desconfiança o fato de o estilista Fause Haten se lançar como dramaturgo, diretor e ainda protagonista de Lili Marlene, um Musical. Trata-se de sua segunda experiência cênica, depois de A Feia Lulu (2014), mais voltada para a linha da performance. A estranheza do atual projeto, porém, se dissipa aos poucos, principalmente quando se verifica que Haten não subiu ao palco só por vaidade, mas, sim, pela disposição de contar uma complexa história. No enredo, Lili é neto de Marlene, uma cultuada estrela da Hollywood dos anos 30, que, rejeitado pelo pai, deixa Berlim na adolescência e passa a estrelar shows em boates de Paris. Hoje, na maturidade, o personagem relata sua biografia, que teve ainda uma passagem como sacerdote de uma igreja nos Estados Unidos. Haten dá uma unidade a essa trama mirabolante apoiado na direção musical de André Cortada, que aparece em cena ao lado de outros três músicos. As canções transitam entre o pop e o rock, com letras, assinadas por Haten, bastante complementares à dramaturgia. A encenação, repleta de projeções, carrega um clima da década de 80, mas tem apuro visual e não resulta ultrapassada. Em sua ousadia, o artista prova versatilidade, especialmente por ter o que dizer. Ele aposta em temas pertinentes, como abuso infantil, religião e sexualidade, sem levantar bandeiras, e firma um estilo próprio. Estreou em 16/5/2017. Até 28/6/2017.