Kiwi
- Direção: Lucianno Maza
- Duração: 50 minutos
- Recomendação: 14 anos
- Ano: 2016
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Um espectador desavisado pode sair da sessão convicto de que o drama Kiwi tenha sido escrito por um brasileiro na esteira da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de agosto. Não, nada disso. O autor é o canadense Daniel Danis, que criou a impactante história em 1996 inspirado pelas reportagens sobre os jogos de Atlanta, no mesmo ano. Sob a direção de Lucianno Maza, a peça ganha a primeira montagem por aqui e colabora para aumentar a ressaca gerada pelos investimentos feitos em torno dos dois recentes torneios. Na trama, a órfã Kiwi (interpretada por Rita Batata) foi abandonada pelo tio assim que o governo pediu a desapropriação da casa da família para as obras do próximo evento esportivo. Nas ruas, ela se une a um grupo de garotos — rebatizados com nomes de frutas — e conhece Lichia (papel de Lucas Lentini), que se torna seu namorado. Os dois enfrentam juntos a pobreza, a fome, a violência, o abuso sexual e até um assassinato sem jamais deixar de depositar um no outro a esperança de apoio para saltar daquele universo miserável. Rita e Lentini conquistam o público com a expressividade emprestada ao texto, basicamente narrativo, e convencem mesmo no registro pouco naturalista o avanço das idades dos personagens. A empatia quase lúdica da dupla garante a atenção da plateia e, mesmo diante da reflexão política e social, o pertinente programa não se torna excessivamente pesado. Estreou em 1º/10/2016.