Jim
- Direção: Paulo de Moraes
- Duração: 65 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Poderia ser só mais um musical baseado em referências biográficas, com algumas canções conhecidas e boa parte da plateia já se daria por satisfeita. O dramaturgo Walter Daguerre e o diretor Paulo de Moraes, no entanto, optaram por um caminho ambicioso e, apoiados na energia do ator Eriberto Leão, fizeram de Jim um espetáculo arrebatador pela comunhão com o universo retratado. A montagem se adequa à definição de um musical dramático, afinal, o protagonista, acompanhado de três instrumentistas, apresenta Ligh my Fire, The End e Riders on the Storm, mas o diferencial se dá na forma como a história do líder do The Doors é contada. O cantor americano Jim Morrison (1943-1971) já está no túmulo, no cemitério do Père-Lachaise, em Paris. Por lá aparece o quarentão João Mota, brasileiro frustrado, disposto a dar um tiro na cabeça. Ele não entende por que as ideias pregadas pelo ídolo da contracultura não se aplicaram a sua vida e, num transe, toma satisfações com Morrison antes do suicídio. Visceral, Eriberto Leão supera os clichês do texto e transita por Jim e de João com sutileza quase imperceptível. Para isso, propõe um pacto com o espectador para valorizar o discurso libertário em detrimento de convenções narrativas em torno dos personagens. A atriz Renata Guida representa a mulher de Jim e de João e reforça o simbolismo criado por Daguerre e Moraes para espelhar uma geração que morreu — real ou metaforicamente — antes de envelhecer. No palco ainda estão os músicos Antonio Van Ahn (teclado), Felipe Barão (guitarra) e Rorato (bateria). Estreou em 28/10/2016. Até 18/12/2016.