Hedda Gabler
- Direção: Márcio Macena
- Duração: 105 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Quarta montagem do grupo A Não Companhia de Teatro, responsável por peças tão diferentes quanto o musical Rita Lee Mora ao Lado (2014), a tragédia Otelo (2015) e o drama Pedras Azuis (2016), Hedda Gabler, do norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), transita entre questões do papel feminino na sociedade que não envelhecem. Entediada e até dissimulada, a personagem-título (interpretada por Mel Lisboa) tenta de formas discutíveis abandonar a passividade. Seu pai, um general, deixou-lhe como herança apenas o fascínio pelas armas de fogo. O marido (papel de Dudu Pelizzari), um intelectual mais interessado nos livros que nas angústias da mulher, pouco se entusiasma com o futuro do recente casamento. Hedda, diante das possibilidades ao seu alcance, desenha uma reviravolta de consequências trágicas em sua vida. O diretor Márcio Macena reforça o caráter atemporal da obra do autor norueguês em uma encenação marcada pelo investimento em seus atores. Em permanente busca pela evolução como intérprete, Mel Lisboa é bem-sucedida na construção da protagonista em um trânsito entre a futilidade e a depressão. Assim, oferece ainda importante suporte à surpreendente caracterização de Pelizzari, ator que passou a perseguir tipos que explorem cada vez menos seus atributos físicos. Samuel de Assis e Rafael Maia, intérpretes respectivamente do juiz Brack e do escritor Ejlert Lovborg, antigo admirador da protagonista, também alcançam bons resultados nessa trilha naturalista da direção. O elenco completa-se com as atrizes Carol Carreiro e Yael Pecarovich (100min). 14 anos. Estreou em 14/6/2019. Até 28/7/2019.