Hebe – A Estrela do Brasil
- Direção: Maurício Farias
- Duração: 118 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: Brasil
- Ano: 2019
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
A roteirista Carolina Kotscho não quis fazer uma cinebiografia da maior apresentadora da TV brasileira que, como ela diz, fosse “do berço ao túmulo” — isso será visto numa minissérie, que a Rede Globo deve exibir no início de 2020. Contudo, o recorte definido para Hebe — A Estrela do Brasil é muito bem-vindo. Carolina escolheu o período de 1982 a 1987, mas, por questões dramatúrgicas, o filme se passa entre 1985 e 1986. São momentos importantes da carreira e da intimidade de Hebe Camargo (1929-2012), que vão da troca de emissora (a Bandeirantes pelo SBT) ao conflituoso relacionamento com o ciumento marido, Lélio (Marco Ricca), e a suas brigas com a censura num Brasil que já havia aberto as portas para a democracia. O bordão “a Hebe não é de direita, a Hebe não é de esquerda, a Hebe é direta” cai como uma luva para explicar a inquieta e contraditória personalidade da protagonista, que era liberal nos costumes e conservadora na política (Paulo Maluf era seu amigo, por exemplo). Nesse curto período de sua trajetória, o roteiro ainda dá conta de mostrar o empenho dela na defesa de homossexuais e travestis e explicitar sua paixão (platônica) por Roberto Carlos. Hebe, felizmente, não é chapa-branca e traz à tona as bebedeiras constantes da apresentadora e a violência doméstica. Sem apelar para a caricatura e entendendo a “alma” da estrela, Andréa Beltrão dá um show. Direção: Maurício Farias (Brasil, 2019, 120min). 14 anos. Estreou em 26/9/2019.