Guignard – A Memória Plástica do Brasil Moderno
- Ano: 2015
Resenha por Fernando Masini
Até nos retratos, Guignard (1896-1962) se preocupava com o fundo da obra, criando cenários ricos, às vezes fantasiosos, que têm o poder de desviar a atenção do observador do centro do quadro. Ao pintar a escritora Lúcia Machado de Almeida, por exemplo, o artista fluminense que adotou Minas Gerais como segunda casa colocou palmeiras e morros no segundo plano. O método de misturar gêneros numa mesma tela é bem explorado na exposição Guignard — A Memória Plástica do Brasil Moderno, em cartaz no MAM. Com uma montagem didática, o curador Paulo Sergio Duarte facilita a vida do visitante ao separar os cerca de setenta trabalhos entre paisagens, naturezas-mortas e retratos, tudo documentado com informações cronológicas. Cidades mineiras como Ouro Preto e Mariana são reproduzidas com variações de cores, mas sempre num estilo próprio, no qual moradias e igrejas flutuam com as nuvens. A fixação do artista pelas festas juninas aparece em três peças de mesmo nome, Noite de São João (1961), com balões e fogueiras que se acendem como pontos de luz. Nem sempre, no entanto, o que está exposto é agradável aos olhos. O sofrimento de Guignard, causado em grande parte por problemas de saúde, como o diabetes e o alcoolismo, e por dificuldades financeiras, pode ser notado em Cabeça de Cristo (1960) e São Sebastião (1960). De 7/7/2015. Até 11/9/2015.