Guanabara Canibal
- Direção: Marco André Nunes
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Para o Rio de Janeiro ser celebrado como cartão-postal, uma parcela de seus habitantes foi exterminada. Montagem da Aquela Cia. de Teatro, o drama Guanabara Canibal toca na ferida do massacre indígena pelos colonizadores portugueses, com base na Batalha de Uruçumirim, em 1567. Liderada pelo governador-geral Mem de Sá, a luta travada na Baía de Guanabara resultou na morte de milhares de tupinambás e na expulsão dos franceses do território nacional. Com dramaturgia de Pedro Kosovski, o espetáculo, dirigido por Marco André Nunes, investiga parte de uma memória ignorada. Durante uma comemoração, uma senhora (papel da ótima Carolina Virguez) narra a um menino (Zaion Salomão) fatos que, para muitos, ficaram soterrados no passado. Enfática, ela pede ao garoto que a encare e jamais esqueça da sua identidade. Fortes cenas como essa são valorizadas pela iluminação de Renato Machado e ganham o palco em uma trama pulsante que embaralha passado e presente a fim de refletir o estigma das minorias. A montagem evita clichês e postura panfletária. Prova disso é o pungente discurso do colonizador (representado por Ricardo Damasceno), capaz de sublinhar uma possível humanização. Com os atores Matheus Macena e Reinaldo Junior e os músicos Anderson Maia e Pedro Leal David (80min). 14 anos. Estreou em 20/1/2018. Até 18/2/2018.