Grande Sertão: Veredas
- Direção: Bia Lessa
- Duração: 170 minutos
- Recomendação: 18 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
A diretora Bia Lessa despontou na cena brasileira no fim dos anos 80 como parte de uma geração privilegiada que incluiu Gerald Thomas e Gabriel Villela. Em Grande Sertão: Veredas, a encenadora adapta de forma vigorosa um dos maiores e mais densos clássicos da literatura nacional e mostra que o teatro de imagens pregado por essa turma faz falta na atualidade. Difícil por natureza, mas brilhante depois de decifrado, o romance de Guimarães Rosa (1908-1967), assim como a versão, propõe uma comunhão com o público. São quase três horas de duração sem intervalo em uma estrutura de arquibancadas. Cada pessoa recebe um fone, em que ouve os diálogos e a trilha sonora composta por Egberto Gismonti, e mergulha em uma experiência provocativa. A história do jagunço Riobaldo (interpretado por Caio Blat) é revelada em meio a grandiosas batalhas entre pistoleiros inimigos. O amor reprimido pelo colega Diadorim (representado por Luiza Lemmertz) intriga o espectador, assim como sua sede de vingança contra o vilão Hermógenes (papel de Leon Góes). A mão delicada de Bia se reflete em passagens ousadas, como a cena de sexo protagonizada pela atriz Luisa Arraes e por Caio Blat. Por tudo isso, o espetáculo enche os olhos do público. O trunfo da diretora, no entanto, está na condução do elenco. Se Caio Blat beira o sublime na angústia de Riobaldo, os outros nove atores, entre eles Leonardo Miggiorin, Balbino de Paula e Daniel Passi, formam um conjunto harmônico e raro de ver em grupos tão numerosos. Estreou em 9/9/2017.