A Geladeira
- Direção: Nelson Baskerville
- Duração: 50 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Conhecido como Copi, o argentino Raúl Damonte Botana (1939-1987) poderia ter integrado a corrente do besteirol carioca dos anos 80. O monólogo tragicômico A Geladeira conserva ligação estreita com as peças escritas por Miguel Falabella, Mauro Rasi ou Vicente Pereira na época. Sob a direção de Nelson Baskerville, Fernando Fecchio ousa na versão brasileira do solo ao protagonizar uma história no limite do surrealismo. O ator vive um modelo aposentado que atravessa suas horas entre delírios e o projeto de uma autobiografa. No dia seguinte ao seu aniversário, ele encontra um refrigerador no meio da sala. De dentro do eletrodoméstico começam a sair pessoas significativas de sua vida, todas representadas por ele. O ritmo é ágil e, em alguns momentos, a montagem carrega um irresistível clima dos despretensiosos shows de boate. Sem medo do ridículo, Fecchio exagera nos trejeitos, carrega nas composições, dança e ainda canta divertidas versões de músicas do pop. A mensagem do texto revelas e atual: por medo do preconceito ou de reações homofóbicas, o personagem se fecha em seu mundo. Mas o charme e até certa leveza de um espetáculo de significados mais densos se encontram justamente na atmosfera datada, cheia de referências oitentistas. Estreou em 22/11/2014. Até 8/4/2016.