Gata Velha Ainda Mia
- Direção: Rafael Primot
- Duração: 90 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: Brasil
- Ano: 2013
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Conhecida pelas grandes personagens na TV, a exemplo da viúva Porcina (de Roque Santeiro) e de Maria do Carmo (de Rainha da Sucata), Regina Duarte ganha seu melhor papel no cinema aos 67 anos de idade. Ela interpreta Gloria Polk, uma sexagenária que, afastada da literatura há anos, tem a chance de voltar ao estrelato com um novo livro. Mas, atormentada por uma crise de inspiração, não consegue concluir a trama. Nesse momento, bate à porta de seu apartamento a repórter Carol (Bárbara Paz). O objetivo da jornalista é conseguir uma entrevista com a reclusa escritora. Aos poucos, o roteiro vai revelando segredos das duas. Gloria, arrogante e sem papas na língua, destila veneno e delicioso humor sarcástico — e Regina agarra a protagonista com vontade. Aparentemente introvertida, Carol se mostra à altura ao despejar incômodas verdades na cara da antagonista. Rafael Primot, ator, roteirista e em sua estreia na direção de um longa-metragem, traz do teatro a inspiração para o filme. Consegue, contudo, livrar-se do formato dos palcos em uma realização cinematográfica de alusão hitchcockiana. Presente na primeira parte, a verve irônica de Gloria dá lugar a um suspense de tensão crescente e os desfechos se encaminham para uma surpreendente reflexão psicológica. Estreou em 15/5/2014.
Retorno às telas: o último trabalho de Regina Duarte no cinema havia sido em Além da Paixão, de 1985.