Garota Exemplar
- Direção: David Fincher
- Duração: 149 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: EUA
- Ano: 2014
Resenha por Tiago Faria
Ainda na metade do best-seller de mistério Garota Exemplar, escrito pela americana Gillian Flynn em 2012, o leitor aprende uma lição: não se deve confiar numa única palavra narrada pelos personagens. Apesar da aparência angelical, eles escondem um estoque de segredos desagradáveis. Nos primeiros parágrafos do romance, o jornalista desempregado Nick Dunne divaga sobre a impossibilidade de entender o que passa pela cabeça da mulher com quem vive há cinco anos, a adorável Amy. Essa sensação de caminhar em terreno movediço, essencial à trama original, foi mantida nesta versão cinematográfica dirigida por David Fincher. Tal como em Millennium — Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011), o cineasta segue a estrutura e as situações do livro (a própria autora assina o roteiro), mas revela seu estilo envolvente, e por vezes cruel, ao acentuar a atmosfera de paranoia e de desconforto submersa num ambiente familiar. O “lar, doce lar” de Nick (Ben Affleck, convincente no papel) e Amy (Rosamund Pike) começa a ruir quando, na manhã do aniversário de casamento deles, ela desaparece. Todas as pistas indicam a culpa do marido: os móveis quebrados, o sangue removido às pressas, o sorrisinho tenso dele ao se apresentar à imprensa… Em uma corrida contra o tempo para provar sua inocência, ele tentará descobrir o paradeiro da esposa. A trilha sonora de Trent Reznor e de Atticus Ross, entre a delicadeza e o ruído, capta o espírito ambíguo do thriller. Escorada em reviravoltas nem sempre verossímeis, a fita guarda para os últimos minutos uma afiada observação sobre o lado doentio do casamento — golpe que deixará um gosto amargo na boca do espectador. Estreou em 2/10/2014.