Flavio de Carvalho: A Experiência como Obra

Resenha por Laura Ming

O lado polêmico de Flávio de Carvalho (1899-1973) é bem conhecido — ficou famosa a fotografia do artista andando pelo centro de saia e blusa bufante, com expressões de espanto à sua volta. Mas a exposição em cartaz na Oca, a nova sede do Museu da Cidade, quer ampliar o olhar do visitante. Organizada a partir de buscas em acervos paulistanos, a montagem exige um pouco de paciência para ler os textos exibidos. Ainda assim, vale a pena. Em um dos artigos escritos para a revista Vanitas, na década de 30, Carvalho ironizava os atores de Hollywood e afirmava que um dia eles seriam mais idolatrados que figuras religiosas — nada mais atual. Dos camarins do Teatro Municipal vieram figurinos criados pelo artista para o balé A Cangaceira, encenado em 1954, no qual os bailarinos ficavam rodopiando o tempo todo. No centro da mostra está a reprodução sonora da Experiência nº 2, episódio em que Carvalho, de chapéu, caminhou na direção oposta a uma procissão. Ele causou tanta ira que foi obrigado a se refugiar em uma delegacia para não ser linchado. Há ainda projetos arquitetônicos — nunca executados — e ilustrações. Prorrogada até 27/7/2014.

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