Eros Impuro
- Direção: Sérgio Maggio
- Duração: 60 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
O ator Jones de Abreu inicia a apresentação do monólogo dramático como se recepcionasse um convidado, sutilmente fixando o olhar em alguém do público e o convidando a ocupar o “melhor lugar”. O protagonista da peça escrita e dirigida por Sérgio Maggio é um artista plástico em preparação para mais um quadro. Aos domingos, ele costuma receber rapazes, muitos deles michês, para retratá-los em suas telas. O rosto nem sempre aparece nítido. Para o desenho do corpo, no entanto, uma maior atenção é dispensada. Jones de Abreu manuseia as tintas e começa a esboçar a imagem. Também artista plástico, o ator trava esse diálogo de linguagem e, ao mesmo tempo em que orienta seu modelo fictício, traz à tona fragmentos de sua vida para transformar dramaturgia. Jones de Abreu empresta ao personagem uma intensidade que valoriza o texto e proporciona diferentes leituras. A força de seu olhar leva o público a duvidar das intenções do personagem e, na segunda parte do espetáculo, oferece possibilidades que tanto podem emocionar como dar repulsa. A surpreendente delicadeza com que o tema do abuso infantil é levado à cena minimiza o peso, mas jamais esvazia a mensagem final. Para isso, mostra-se fundamental, além da interpretação de Abreu, a dramaturgia repleta de sutilezas e absolutamente imparcial. Em nenhum momento, a direção propõe um julgamento sobre os atos do protagonista. Pelo contrário. Coloca no palco uma história verossímil e passível de levantar debates sobre a violência. Estreou em 9/10/2013. Dias 16, 17, 18, 19 e 20/9/2015.