Elis, a Musical
- Direção: Dennis Carvalho
- Duração: 150 minutos
- Recomendação: 12 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Reza a lenda que quando Elis Regina (1945- 1982) era contrariada ou se irritava seu estrabismo se tornava bem mais visível. Talvez esse seja um dos motivos de a dramaturgia criada por Nelson Motta e Patrícia Andrade para o espetáculo dirigido por Dennis Carvalho ter poupado tanto seu lado explosivo. Elis, a Musical recria a trajetória da cantora no formato de um folhetim. Para Elis (representada por Laila Garin) fica o título de heroína, claro. A garota baixinha driblou a pobreza para se tornar uma estrela. Do primeiro teste em uma rádio gaúcha à consagração nacional, a personagem surge corajosa e batalhadora, compreensiva com os pais e sofredora ao se casar com um mulherengo, o compositor Ronaldo Bôscoli (Tuca Andrada, ótimo). Elis foi tudo isso, porém sempre possuiu uma personalidade forte o sufciente para confrontar a todos e bancar decisões questionáveis. Algumas questões éticas são quase que deixadas de lado na trama, como quando ela faltou a compromissos em nome de um cachê maior. A importância de César Camargo Mariano (Claudio Lins), o segundo marido, também acaba minimizada. Responsável por sofisticar sua música e imagem, ele aparece como mero parceiro de trabalho e vida. Em uma grande produção dominada por clássicos da MPB, Laila Garin dá um show de técnica vocal, mas sobressai realmente como atriz só na cena final. Ali, é reproduzida a última entrevista da intérprete, semanas antes de morrer, e Laila traz à tona a alma da artista com brilho ímpar. A montagem pode encantar a plateia, mas deixa a sensação de que o teatro cedeu espaço a um tributo conservador. Enfim, faltou uma pimentinha. Estreou em 14/3/2014.