Eduardo Viveiros de Castro – Variações do Corpo Selvagem
Resenha por Julia Flamingo
O valor que diferentes tribos brasileiras atribuem ao corpo é tema fundamental da pesquisa de Eduardo Viveiros de Castro, um dos maiores nomes da antropologia nacional. Aos 64 anos, ele ganha uma exposição no Sesc Ipiranga. Variações do Corpo Selvagem reúne 340 fotografias de dois momentos de sua trajetória: o registro dos estudos realizados com os índios do Xingu, desde a primeira visita a Mato Grosso, em 1976, e imagens anteriores a essa data. Antes de se tornar um conhecido pesquisador, Viveiros de Castro convivia com artistas como Hélio Oiticica, o cineasta Ivan Cardoso e o poeta Waly Salomão. Na curadoria de Eduardo Sterzi e Veronica Stigger, esses dois universos se misturam num conjunto só, com o objetivo de estabelecer diálogos e refletir sobre as diversas expressões do corpo. Assim, ao lado de imagens do Parangolé de Oiticica, em que um artista dança com uma bandeira, vê-se um índio araueté realizando atividades corriqueiras. Os registros de rituais de escarificação entre nativos — tipo de tatuagem feita com objetos cortantes — estão dispostos junto de um retrato de Ivan Cardoso marcando as pernas de Cissa Guimarães com um poema. Na entrada da exposição, o público encontra cliques de homens, como o de um índio agachado em um toco de árvore, cujo olhar penetrante parece convidar o visitante a mergulhar no mundo fascinante revelado por Viveiros de Castro. De 30/8/2015. Até 29/11/2015.