Djon África
- Direção: Filipa Reis e João Miller Guerra
- Duração: 96 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: Portugal, Brasil e Cabo Verde
- Ano: 2018
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Apesar de definido como um drama, o longa-metragem Djon África conserva uma marca documental em toda a narrativa. O filme, dirigido por Filipa Reis e João Miller Guerra, apresenta as andanças de um homem em busca de sua identidade. A explicação para a tênue fronteira entre a realidade e a ficção vem da inspiração do próprio projeto, que tem como ponto de partida uma experiência do protagonista, o ator Miguel Moreira. Também conhecido como Tibars, ele participou de Li Ké Terra e Fora da Vida, outros filmes realizados por Filipa e Guerra. Criado pela avó em Portugal, Miguel é um jovem que jamais conheceu o pai. Imagina apenas que o sujeito deve viver em Cabo Verde, sua terra natal, e reconhece que herdou dele um aspecto físico impressionantemente semelhante e uma forte tendência para a malandragem. Com pouco dinheiro no bolso, o rapaz pega um avião e desembarca no país africano. Todos os problemas esperados se concretizam. Miguel sofre preconceito por ser estrangeiro e negro, depois de uma bebedeira é roubado por algumas garotas e os parentes que podiam ajudá-lo morreram ou mudaram de endereço. Em contato com as manifestações culturais de Cabo Verde, o protagonista se fortalece e absorve um pouco dos valores da pátria de seu pai e do seu povo. O espectador não fica imune a essa odisseia de Miguel Moreira e seu trânsito entre a ficção e o documental. A linda fotografia também impressiona os olhos. Djon África carrega semelhanças com Gabriel e a Montanha, um dos melhores filmes brasileiros recentes, que também aposta na hibridez narrativa em uma história de conexão com a própria essência do ser humano. Só que, nesse caso, o público sai do cinema com relativo otimismo e uma perspectiva de futuro (Portugal, Brasil e Cabo Verde, 2018, 96min). 14 anos. Estreou em 11/10/2018.