Concerto para João

- Direção: Cassio Scapin
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: Livre
Resenha por Miguel Barbieri Jr.



O pianista e maestro paulistano João Carlos Martins ganhou uma cinebiografia, que estreou um ano atrás. Agora, a grande personalidade da música clássica tem uma peça para chamar de sua. Se a vida de Martins não coube num longa-metragem de duas horas, o que se pode esperar de Concerto para João, montagem teatral de oitenta minutos e com apenas quatro atores? O texto de Sérgio Roveri condensa trechos fundamentais, como as duas cirurgias para recuperar o movimento das mãos, num misto de realidade e delírio. Começa na década de 60 e termina com uma conversa entre o artista e sua mulher (papel de Michelle Boesche) na qual já se fala sobre o fato de ele ter sido tema da escola de samba Vai-Vai, em 2011. Um personagem misterioso o acompanha em alguns momentos e sua identidade é revelada no frustrante clímax. Rodrigo Pandolfo, recém-saído de Panorâmica Insana, possui gana, tarimba e familiaridade na pele de João, já que foi um dos protagonistas do filme. Além de profundidade e ambição, falta à peça algo essencial — o grande intérprete de Bach não teve no palco uma trilha sonora à altura (80min). Livre. Estreou em 10/8/2018. Até 2 de dezembro.