Chiharu Shiota
Resenha por Julia Flamingo
Três grandes instalações integram a exposição da japonesa Chiharu Shiota no Sesc Pinheiros. Quem passa em frente ao espaço consegue ver a primeira delas, Além dos Continentes, que consiste em centenas de sapatos doados pelo público e presos por uma teia feita de lã. Uma obra semelhante — com chaves no lugar dos sapatos — está sendo apresentada na 56ª Bienal de Veneza, que escolheu Chiharu como representante do Japão no evento. Tanto as chaves quanto os sapatos são objetos pessoais carregados de memória e conectados entre si por linhas vermelhas. A cor remete ao sangue, e seu entrelaçamento às ligações entre os indivíduos. A temática da memória também está presente no trabalho instalado na escada rolante, onde os visitantes podem ver 200 malas sobre suas cabeças, coletadas pela artista em feiras de antiguidades em Berlim, cidade onde vive. A instalação Acumulação – Em Busca do Destino é acionada por um sensor durante a passagem do público, quando a nuvem de malas começa a se movimentar. No segundo andar do prédio, o maior dos três trabalhos causa impacto pela estética: 6 000 cartas de agradecimento foram reunidas pela artista ao longo de 350 quilômetros de fios de lã. É possível entrar e caminhar pela instalação. Porém, como as cartas foram encomendadas e recolhidas a partir de algumas ações, elas perderam sua espontaneidade, e as histórias escritas não despertam tanta curiosidade. Até 10/1/2016.