Chatô, o Rei do Brasil
- Direção: Guilherme Fontes
- Duração: 105 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: Brasil
- Ano: 1995
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Guilherme Fontes começou a produzir Chatô, o Rei do Brasil em 1995. De lá para cá, o filme virou uma novela e quase uma lenda. Na intenção megalomaníaca de fazer um Cidadão Kane tupiniquim, Fontes torrou muito dinheiro, parou a produção, captou mais verba para a conclusão… e, finalmente, vinte anos depois, o longa-metragem chega às telas. Primeira boa surpresa: não há resquícios de ser uma produção datada, embora Leandra Leal esteja bem novinha. Outro ponto positivo está na “leitura” feita pelo realizador da obra homônima de Fernando Morais. Há traços de uma biografia convencional, porém com pegada autoral. Elementos da estética das chanchadas, do cinema marginal e das minisséries da Rede Globo misturam-se na divertida (e não menos estridente) cinebiografia de Assis Chateaubriand (1892-1968), magnata das comunicações e fundador dos Diários Associados. Paraibano arretado, Chatô, interpretado por Marco Ricca, teve duas esposas (Letícia Sabatella e Leandra Leal), uma amante praticamente fixa (Andréa Beltrão) e muitas e muitas mulheres. Era um jornalista oportunista, daqueles de fazer “acordos” com o então presidente Getúlio Vargas para levar vantagens. Fontes usa um recurso à moda de All That Jazz, de Bob Fosse, para o protagonista rever o passado. À beira da morte, Chatô se vê num delirante programa da TV Tupi (inaugurada por ele), em que é julgado por pessoas importantes de sua vida. Mesmo em narrativa não linear, o diretor dá conta de mostrar as várias facetas de Chatô, um personagem tão amado e odiado quanto será o filme que o radiografou. Estreou em 19/11/2015.