Chá e Catástrofe
- Direção: Regina Galdino
- Duração: 60 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Quatro atrizes reconhecidas não são suficientes para sustentar o interesse pela comédia dramática de Caryl Churchill. A peça Chá e Catástrofe, dirigida por Regina Galdino, traz personagens irregulares e uma trama que promete surpreender e nunca cumpre tal função. Lena, Sally e Vi (interpretadas, respectivamente, por Chris Couto, Agnes Zuliani e Selma Egrei) são vizinhas que, como boas inglesas, se encontram para um chá no fim da tarde. Observadora e misteriosa, a Sra. Jarret (vivida por Clarisse Abujamra) une-se ao grupo e, entre uma xícara e outra, lança visões pessimistas a respeito do mundo. A dramaturgia inicialmente caminha por uma trilha interessante. As falas são irônicas, corrosivas. É como se a interação nunca se consumasse, ressaltando a solidão daquelas mulheres. Uma delas recorda a velha mercearia da esquina, enquanto outra sofre porque, apesar de se sentir ativa, foi dispensada da empresa à qual prestou serviço por anos. Surgem os lamentos em relação aos filhos e uma implicância ou outra geradas pela rotina. Em meio aos causos cotidianos, as personagens de Chris e Agnes perdem o propósito e assumem caráter figurativo. Pela estranheza, a Sra. Jarret de Clarisse chama atenção com intervenções céticas, negativas, contrastando com a alienação de Lena e Sally. O único papel bem desenhado e com uma função evidente, no entanto, é o de Vi, defendido por Selma. Ela, que volta à vizinhança depois de longa ausência, perdeu o amor do filho, deixou de exercer o ofício de cabeleireira e, patética, tenta ser natural diante de uma tragédia do passado. Os perfis femininos são desperdiçados, assim como o argumento da peça, que prometia algo mais impactante (60min). 14 anos. Estreou em 5/4/2019.