Caixa de Memórias
- Direção: Marcio Aurelio
- Duração: 100 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Caixa de Memórias confirma o prazer visivelmente estabelecido entre artistas e espectadores diante de uma boa história. O diretor Marcio Aurelio leva ao palco o drama de José Eduardo Vendramini com sua sofisticação característica, mas apoiado por delicadezas capazes de cativar em um épico bem contado. Descendente de italianos, Antônio (papel de Walter Breda) conhece a jovem Yolanda (interpretada por Denise Del Vecchio), de origem libanesa, e os dois se casam por volta de 1930. Os filhos (vividos por Paulo Marcello e Samanta Precioso) crescem, assim como os conflitos que desafiam a união e provocam embates geracionais. Ana, a mais velha, abdica de estudar e trabalhar na capital para cuidar dos pais, enquanto André, frustrado e alcoólatra, carrega problemas para dentro de casa. Vendramini desenha um terno painel comportamental do miolo do século XX até chegar aos anos 70, quando Ana, enfim, assume a representação da evolução feminina na sociedade. Um prólogo promove uma conexão com os dias atuais. As interpretações fogem do realismo. Nenhum dos personagens rejuvenesce ou envelhece de acordo com o tempo. Como em um baú de memórias, cada um tem sua cara, o que leva os atores a explorar recursos sutis para o convencimento nas diferentes idades. Breda e Denise são destaques naturais pela força de Antônio e Yolanda. A performance de Marcello, no entanto, surpreende por trazer à tona um intérprete detalhista e econômico, mesmo quando o excesso seria o óbvio. Carolina Fabri, Gonzaga Pedrosa e Laís Marques completam o elenco (100min). 14 anos. Estreou em 29/6/2018.