Brincando em Cima Daquilo
- Direção: Marcelo Médici
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Comediante de mão-cheia acostumado aos tipos femininos, o ator paulista Wilson de Santos é o primeiro homem a protagonizar os monólogos de Brincando em Cima Daquilo. A coletânea de peças curtas dos italianos Dario Fo e Franca Rame, montada em cinquenta países, ficou conhecida no Brasil graças à versão de Marília Pêra (1943-2015), lançada em 1984. Denise Stoklos e Debora Bloch também escolheriam mais tarde o texto, que, em tom de crítica social, enfoca mulheres oprimidas. Na primeira das três cenas, Wilson de Santos dá vida à operária Nalva, que, atrasada para o trabalho, não encontra a chave da porta de casa. A seguir, é a vez de Marina voltar à rotina do conjunto habitacional onde mora, depois de ter ido para a cama com um colega do escritório. O protagonista acentua o caráter tragicômico dessas duas histórias e ganha o público pela identificação com as situações. É na parte final, porém, como a dona de casa Maria, que o talento de Santos salta aos olhos do espectador. A personagem passa os dias trancada no apartamento pelo marido e, conversando com uma vizinha pela janela, se dá conta da própria desgraça. Uma melancolia crescente transforma o conformismo em revolta e rende a melhor performance do intérprete. Estreou em 3/6/2017.