Avental Todo Sujo de Ovo
- Direção: Bruno Guida
- Duração: 60 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Esqueça. O melodrama escrito por Marcos Barbosa está longe de ser apenas mais uma evocação à volta do filho pródigo. Logo, você não está diante de uma trama óbvia, inspirada em um argumento surrado e sem conexão com os dias atuais. Sob a direção de Bruno Guida, a montagem é centrada em Alzira e Antero (interpretados por Bete Dorgam e Roberto Arduin), um humilde casal que vive soterrado pelo sofrimento em uma cidade interiorana. Os dias são iguais e muito tristes. Há quase duas décadas, o único filho deles, um rapaz chamado Moacir, desapareceu de casa e jamais mandou notícias. Alzira buscou conforto na igreja, e Antero recorreu ao jogo e à bebida. Cada um deles, do seu jeito, alimenta a esperança de rever o rebento. Pois esse dia chega, e o reencontro não é exatamente como pai e mãe esperavam. A figura de Moacir (representado por Dagoberto Feliz) frustra as expectativas de ambos e, no inesperado exercício de tolerância, entra em discussão os limites do amor, da fé e da solidariedade.
Diante de uma história abrangente, o diretor Bruno Guida mergulhou na raiz sentimental do tema ao reforçar as caraterísticas melodramáticas. O acordeonista Fernando Proença costura alguns diálogos com solos musicais, e a canção Mamãe, de Herivelto Martins e David Nasser, é interpretada por Bete e Lilian Blanc, que dá vida para Noélia, a madrinha de Moacir. A atuação marcada de Bete, algumas vezes associada à pantomina, também reforça esse caminho do melodrama. Mais realistas, Dagoberto Feliz e Roberto Arduin se destacam pelas emoções respectivamente contidas e extravasadas dos personagens, enquanto Lilian é um eficiente suporte para o trio. Estreou em 4/10/2013.