As Ondas ou Uma Autópsia
- Duração: 60 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
A obra e o universo da inglesa Virginia Woolf (1882-1941) já renderam adaptações potentes para o teatro e o cinema, como a peça Orlando, encenada por Bia Lessa, ou o filme As Horas, de Stephen Daldry. Desta vez, o ator Gabriel Miziara recorreu à escritora para criar o monólogo dramático As Ondas ou uma Autopsia. Seis personagens, extraídos do romance As Ondas (1931), manifestam angústias e futilidades em um encontro repleto de discussões existenciais e humores oscilantes. A dramaturgia ainda recorre aos diários de Virginia, que ajudam a contextualizar essa situação e localizam o espectador que não conhece o livro original. Sozinho em cena, Miziara se reveza nesses tipos sem, em momento algum, se afastar de sua própria identidade como um narrador que circula, observa e até interfere nos acontecimentos. O intérprete se apropria dos anseios das criaturas da autora para contrapor suas constantes inquietações como artista e, principalmente, trazer à tona a possibilidade do fim. Seja através esgotamento criativo ou da própria morte, a ideia de finitude permeia a montagem e aponta familiaridades entre os questionamentos de Virginia e Miziara. André Guerreiro Lopes, Carolina Fabri, Patrícia Leonardelli, Cássio Pires, Elias Andreato, Malú Bazan e Sônia Machado de Azevedo colaboraram na montagem como diretores informais e provocadores cênicos. Estreou em 28/3/2016. Até 7/8/2016.