O monólogo tragicômico Apareceu a Margarida, de Roberto Athayde, celebrizou Marília Pêra como intérprete de personagens irônicas e escrachadas. Repleta de metáforas políticas, a peça, que estreou em 1973, foi revisitada pela própria estrela nos anos 90 e virou tabu para suas colegas, tamanha a associação do texto a seu nome. A atriz Marília Medina peitou o desafio de se apropriar da autoritária professora de uma escola primária e demonstra personalidade para não fazer feio na empreitada. Entre as lições de português, biologia e matemática, a eloquente Dona Margarida perde a paciência com os alunos e, em crescente desequilíbrio, traz à tona conteúdos que vão além da grade curricular. Sob a direção de Bruno Garcia, a atual montagem critica o politicamente correto, os abusos de poder e a passividade dos oprimidos. Marília Medina encontra um diferencial ao explorar a psicologia na composição do papel principal. Entre a doçura, a agressividade e o patético, a intérprete oferece uma nova leitura de um texto escrito no auge da ditadura militar e longe de perder a atualidade. Estreou em 6/4/2017.
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