Angels in America
- Direção: Paulo de Moraes
- Duração: 300 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Escrita por Tony Kushner e montada na Broadway nos anos 90, a premiada Angels in America também ficou famosa como uma minissérie da HBO, de 2003, tendo estrelas do porte de Meryl Streep e Al Pacino. A Armazém Cia. de Teatro mostra a versão completa de Kushner, dividida em duas partes (O Milênio Se Aproxima e Perestroika). É preciso estar atento e forte para uma maratona verborrágica de mais de cinco horas. O grande palco talvez seja um dos entraves da montagem minimalista, com poucos elementos de cena, como ventiladores e um telão que, às vezes, projeta imagens de Nova York, onde a trama se passa. O ano é 1985, início da epidemia da aids, no conservador governo de Ronald Reagan. Prior (Jopa Moraes) já apresenta os sintomas da doença e, quando é internado, seu namorado (Luis Felipe Leprevost) o abandona. Há também o caso de dois advogados: o veterano Roy (Sérgio Machado), um arrogante gay no armário; e Joe (Ricardo Martins), que sente atração por homens, mas, mórmon, está casado com Harper (Lisa Eiras). O enfermeiro negro homossexual Belize (Thiago Catarino) dá leveza, humor e tem ótimos momentos nos bate-bocas (na segunda parte) com o racista Roy. Mas a terrível sensação da morte iminente dos pacientes é diluída em discussões políticas entre republicanos e democratas. Embora alguns diálogos ainda sejam potentes e o elenco se empenhe em atuações pulsantes, a longa duração compromete a fluência, e a condução de pouco impacto quase não permite que a plateia se comova diante de dramas tão sensíveis. Direção: Paulo de Moraes (150min cada parte). 16 anos. Estreou em 3/5/2019. Até 2/6/2019.