Amor Até as Cinzas

Resenha por Miguel Barbieri Jr.

Jia Zhangke é um dos mais badalados diretores chineses em festivais e, não raro, enfoca em seus filmes os contrastes sociais e as transformações de seu país. Não é diferente em Amor a até as Cinzas. No roteiro, dividido em três épocas, a palavra jianghu é recorrente. Significa algo como o submundo dos gângsteres, mas com um código de ética próprio — e a essa sociedade à margem pertencem os namorados Qiao e Bin, interpretados por Zhao Tao e Liao Fan. A história tem início em 2001, quando, para proteger o amado, Qiao encara cinco anos de prisão. Em 2006 e 2017, eles se reencontram em condições opostas. A China de Jia Zhangke é a de ladrões, das jogatinas, dos contraventores, da corrupção. Não é fácil assimilar tantas informações, deslocamentos de cidade e mais de uma dúzia de personagens, mesmo que coadjuvantes. Trata-se, contudo, de um registro no mínimo revelador. Direção: Jia Zhangke (Jiang Hu Er Nü, China/França/Japão, 2018, 136min). 12 anos. Estreou em 18/4/2019.

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