Alma Despejada
- Direção: Elias Andreato
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
A presença de um artista no palco às vezes é motivo suficiente para centralizar os interesses. Esse é o caso de Irene Ravache, catalisadora das atenções no monólogo Alma Despejada. A intérprete conduz o público através do texto escrito por Andréa Bassitt, mesmo que a história raramente escape da linearidade. Na trama, Teresa já não vive entre nós, pertence ao mundo dos mortos. Ela se foi com pouco mais de 70 anos e, agora, faz a derradeira visita à casa onde passou boa parte de sua história, criou os filhos e enfrentou os percalços típicos de um longo casamento. O imóvel foi vendido, e a personagem resgata suas memórias em um tom que transita entre o cômico e o dramático. Sob a direção de Elias Andreato, Irene transborda naturalidade, no limite entre a emotividade, o deboche e a dor. Não demora muito para a plateia se envolver na narrativa, e o carisma da atriz é combustível suficiente para garantir isso. Na reta final da peça, porém, uma virada surpreende os espectadores e revela uma faceta diferente de Teresa, capaz de abalar os alicerces até então supostamente sólidos da sua família. O peso dramático da situação não só revigora o texto de Andréa como joga Irene em um denso patamar de interpretação. A mudança, no entanto, dura cerca de dez minutos e, além de frustrar o conjunto, evidencia uma escolha pela leveza da comédia mesmo quando o drama naturalmente se põe em pauta (80min). 14 anos. Estreou em 18/9/2019.