Albatroz

Resenha por Miguel Barbieri Jr.

Bráulio Mantovani é o roteirista de Cidade de Deus e Tropa de Elite. No novo Albatroz, ele radicaliza, subverte a ordem e, numa narrativa não linear, instiga a mente com um quebra-cabeça complexo e sem respostas. Deve, certamente, dividir opiniões: para uns, fascinante, criativo e original; para outros, aborrecido, confuso e pretensioso. Daniel Augusto, o diretor de Não Pare na Pista, filme sobre o escritor Paulo Coelho, embarca na viagem lisérgica contando com duas cartas na manga: a fotografia espetacular do experiente Jacob Solitrenick (do premiado seriado Doce de Mãe) e a montagem do jovem Fernando Stutz, que investe numa requintada edição de imagens extras para provocar o cérebro. Aliás, a neurociência está no centro da trama. O protagonista é Alexandre Nero, intérprete de Simão Alcóbar, um fotógrafo bem-sucedido que, logo na primeira cena, leva às pressas sua mulher ferida (Maria Flor) para o hospital. Ao acordar após um acidente, descobre que ela desapareceu. Na volta para casa, reencontra sua ex-¬esposa (Andrea Beltrão) e, a partir daí, o roteiro toma o rumo do desconhecido, misturando drama, policial, suspense, ficção científica, espionagem e o que mais der na telha de Mantovani. Trata-se de uma experiência sensorial única, que foge dos padrões convencionais e, por isso, merece crédito. Direção: Daniel Augusto (Brasil, 2019, 97min). 14 anos. Estreou em 7/3/2019.

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