Abnegação 3 — Restos
- Direção: Alexandre Dal Farra e Clayton Mariano
- Duração: 90 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Com Abnegação 3 — Restos, o dramaturgo Alexandre Dal Farra e os atores do Tablado de Arruar encerram a trilogia iniciada em 2014 que se tornou a cada ano mais oportuna. As duas primeiras partes eram focadas nos conflitos éticos que se abateram sobre o PT rumo à tomada do poder. A atual montagem, no entanto, promove uma discussão mais social em torno da falta de perspectivas em diferentes setores. Cinco cenas mostram as angústias de um ex-guerrilheiro, um advogado do partido, uma empregada doméstica, a patroa e um sindicalista, entre outros. O fracasso da corrente ideológica se reflete na postura dos personagens, e os diálogos cortantes beiram o tragicômico para espelhar perplexidade, desassossego, inconformismo ou alienação. Dessa forma, os atores Alexandra Tavares, Amanda Lyra, André Capuano, Antonio Salvador, Ligia Oliveira e Vitor Vieira, com o figurino neutro e apoiados em cadeiras, reproduzem o negativismo vigente. A trilogia Abnegação firma-se como o documento inaugural de um período que ainda deverá ser bem explorado no teatro, e os diretores Dal Farra e Clayton Mariano provocam o espectador com uma crueza cênica que incomoda e, não por acaso, termina no breu. Estreou em 23/6/2016. Até 31/8/2016.