A Serpente – Eric Lenate

- Direção: Eric Lenate
- Duração: 60 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.

O dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980) não escondia o cansaço quando escreveu A Serpente, a última de suas dezessete obras para o teatro. Curto, calcado em um único conflito, o drama, lançado em 1978, nunca passou na peneira de seus melhores trabalhos. Em nova montagem, dirigida por Eric Lenate, a peça propõe atualizadas leituras, vinculadas a temas em voga, como o machismo e a violência doméstica. Inseparáveis, as irmãs Guida e Lígia (Fernanda Heras e Carolina Lopez) casaram-se e ganharam do pai um amplo apartamento que dividem com seus maridos. Enquanto a primeira vive em constante lua de mel com Paulo (papel de Juan Alba), a outra sofre diante da indiferença sexual de Décio (o ator Paulo Azevedo). Uma crise é deflagrada quando Guida oferece o parceiro à irmã por uma noite. Encenador criativo, Lenate trancou o quarteto em uma jaula e valoriza o personagem Décio, reforçando a faceta sórdida e bruta, bem aproveitada por Azevedo. As cenas mais enérgicas são dele em parceria com a empregada (vivida por Mariá Guedes) e evidenciam o machista que não se intimida perto da criada. Aliás, essa personagem, batizada de Crioula, não tem sequer o nome citado nesta versão. Se Juan Alba não alça voo significativo como Paulo, Carolina e Fernanda, na trilha do exagero, respondem com mais ênfase à direção envolvente de Lenate (60min). 16 anos. Estreou em 2/1/2017.