A Profissão da Sra. Warren
- Direção: Marco Antônio Pâmio
- Duração: 100 minutos
- Recomendação: 12 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
O irlandês Bernard Shaw escreveu a comédia dramática A Profissão da Sra. Warren entre 1893 e 1894. Parte da plateia, pasmem, ainda demonstra, mais de um século depois, certo incômodo ao ouvir os diálogos afiados da peça, que aborda, entre outros temas, a hipocrisia e os conchavos sociais. Criada longe da família, Vivie (papel de Karen Coelho) pouco conhece sua mãe (interpretada por Clara Carvalho) e nem sabe a real origem da sua situação financeira confortável. O mundo da garota, agora formada em uma renomada universidade, se esfacela diante da descoberta de que a tal Sra. Warren é a bem-sucedida proprietária de uma rede de prostíbulos. Levada para os anos 1950, a trama ganha um certeiro enfoque em torno do empoderamento feminino em diferentes épocas. No passado, a personagem-título enxergou nos atributos físicos a única possibilidade de deixar a pobreza e, mais tarde, protegeu a filha, garantindo-lhe uma refinada educação. Vivie, por sua vez, lida muito bem com os números e herdou a praticidade da mãe. Em contrapartida, endureceu-se para as relações pessoais e acredita que basta o sucesso profissional para uma existência feliz. O diretor Marco Antônio Pâmio extraiu o melhor de grande parte do elenco. Clara Carvalho abre mão da sofisticação natural e brilha ao criar uma personagem despachada e irônica, enquanto Karen é convincente na frieza e determinação de Vivie. Na pele de Crofts, Sergio Mastropasqua sublinha a alma cafajeste do sócio da Sra. Warren, assim como Mário Borges e Cláudio Curi também defendem bem seu papel. Caetano O’Maihlan, no entanto, destoa do grupo por não reforçar plenamente o caráter falho de Frank, o noivo interesseiro de Vivie (100min). 12 anos. Estreou em 11/5/2018. Teatro Aliança Francesa. Sábado e segunda, 20h30; domingo, 19h. R$ 50,00. Até 30 de setembro.